INCLUSÃO DIGITAL NAS ESCOLAS

Apesar de a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em vigor desde 1996, já preconizar a necessidade da "alfabetização digital" em todos os níveis de ensino, do fundamental ao superior, o censo escolar do Ministério da Educação (MEC), realizado em 1999, revelou que apenas 3,5% das escolas de ensino básico tinham, naquele ano, acesso à Internet, e cerca de 64 mil escolas do país não tinham sequer energia elétrica. Nos últimos anos, esse quadro está mudando, com iniciativas governamentais a nível federal, estadual e municipal, além de apoios privados e do terceiro setor, mas a exclusão digital nas escolas brasileiras ainda é grande.
Embora os índices de informatização nas escolas tenham aumentado consideravelmente de 1999 para 2001 (último ano com dados globais levantados pelo MEC), a pesquisadora Neide de Aquino Noffs, da Faculdade de Educação da PUC-SP diz que a inclusão digital nas escolas da rede pública ainda não é uma realidade. "O laboratório de informática existe, mas não é usado com freqüência. Não é uma atividade rotineira para os alunos; não é como a biblioteca, que fica aberta o tempo todo", afirma Noffs.
Segundo ela, para se falar em inclusão digital na educação, não basta instalar computadores em escolas públicas. É preciso capacitar o professor para que ele transforme a sua aula utilizando a ferramenta digital. Além disso, seria preciso manter o laboratório de informática permanentemente aberto, com um profissional que o assumisse e ficasse responsável pela alfabetização digital. "Primeiro, é preciso quebrar a barreira do acesso. Depois, é preciso manter esse acesso", completa.
Para Graciela Selaimen e Paulo Lima, da
Rede de Informações para o Terceiro Setor, é fundamental a instalação de laboratórios de informática com acesso à Internet nas escolas públicas, com uma estratégia de uso público fora dos horários das aulas, mas sem perder de vista uma perspectiva futura. "Projetos em infoinclusão não devem ser pensados como pacotes prontos de soluções tecnológicas para comunidades economicamente desfavorecidas, mas sim como iniciativas estratégicas para a promoção da inclusão social - e não apenas digital", afirmam.
A pedagoga e coordenadora do Aulas Unidas, um projeto de intercâmbio virtual entre escolas realizado pela organização
EducaRede, concorda que a Internet pode constituir uma ferramenta didática a mais. Segundo ela, porém, a qualidade do resultado depende de como isso é feito. "Se o objetivo é colher as informações para criar novos conhecimentos, é preciso que o aluno tenha competência e habilidade para analisar e sintetizar as informações, e não simplesmente fazer um 'recorte e cole' das consultas feitas", defende.
De acordo com o MEC, apesar de o número de computadores instalados nas escolas até 2002 ter ficado abaixo das metas estabelecidas pelo governo anterior, a capacitação de professores superou as expectativas. Essa também tem sido uma preocupação nas iniciativas de estados e municípios. Em Recife, por exemplo, existe um programa municipal de formação continuada de professores para trabalhar nas 70 escolas que possuem laboratórios de informática. A Secretaria de Educação da capital pernambucana também fez uma parceria com uma associação francesa para inclusão digital de crianças em idade de alfabetização, através de correspondência com estudantes de outros países. E a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, que lançou no dia 7 de julho o Projeto de Inclusão Digital do estado, estabeleceu parcerias com a Empresa de Infovias, provedor de acesso à Internet do governo estadual, e com empresas da iniciativa privada, como a First International Computer (Fic) do Brasil, com o objetivo de atender cinco mil escolas em 150 cidades mineiras, sem custo algum para o governo.

1 comentários:

Isadora Picolo disse...

Denyse, concordo com a você quando diz:" não basta instalar computadores em escolas públicas é preciso capacitar o professor para que ele transforme a sua aula utilizando a ferramenta digital". Muitas escolas do governo, hoje, já possuem computadores, mas os alunos tem pouco acesso a elas o que infelizmente, torna muitos alunos afastados da era digital, se analizarmos que a maioria dos estudantes oriundos de escolas publicos não tem computador em casa.

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