Ela só precisava ser amada. Buscava um amor que não fosse materno, paterno, tão pouco o amor de seus amigos que viviam a dizer “Te amo tantão”.
Ela necessitava ser amada por um homem, a atração pelo sexo oposto seria uma espécie de confirmação de felicidade. Era mais ou menos assim, ele me ama, eu o amo e vamos viver nossa história de amor felizes para sempre. Mal sabia que a vida lhe apresentaria várias faces do verdadeiro amor.
Cada amor que aparecia trazia consigo a promessa de felicidade perene, porém com o tempo o que se tinha era somente lágrimas. O primeiro amor surgiu no momento em que ela se encontrava sem esperanças e fatigada. E foi assim que o primeiro amor devolveu a ela o brilho no olhar, sorrisos sem motivo, alegria contagiante... Contudo esse durou muito pouco. Sempre dura. Depois de todo o júbilo vieram às lágrimas, essas dia a dia foram ceifando suas ilusões.
O crápula a fez tirar os pés do chão, depois que ela alcançou voo altos ele simplesmente cortou suas asas... Felicidade eterna interrompida. Agora ela estava estatelada no chão, sangrando, odiando tudo e a todos.
Todavia, o tempo lhe mostrou que a vida fazia sentido. Dessa forma ela desistiu do amor de um homem, deu um basta. Resolveu se entregar ao trabalho, esse ocupava grande parte do seu dia, foi assim que mais uma vez ela tomou gosto pela vida.
Seu sorriso atraia olhares, e quando ela menos esperava apareceu outro homem em seu caminho. Esse chegou de mansinho, foi se aproximando com cuidado e, click, o coração da jovem mais uma vez acordou para o amor verdadeiro! Tudo estava as mil maravilhas. Novas promessas, novos sonhos e novas dores. Não poderia deixar de ser, né?
Se esse é o caminho que se tem de percorrer para se encontrar o “homem da sua vida” é melhor se resguardar. Foi o que ela fez. Depois de sofrer uma, duas... Seu coração e seus olhos não aguentavam mais mostrar as feridas de sua alma. Passou então definitivamente a não acreditar no amor de um homem. Conformou-se com sua vida, sua sina, sua eterna tragédia.
Assim criou-se o mostro, uma psicopata que não sentia nem alegrias nem tristezas, não havia mais sentimentos. Era agora o ser inanimado. E a vida não se cansa de nos dar uma nova chance. Em uma fila de cinema ela conheceu aquele que seria o homem da sua vida. Seria, pois o ceticismo apagou nela a crença no amor. Eles estavam lado a lado, basta um “Oi”, mas nem um nem outro ousou movimentar os lábios. Ambos com a mesma descrença
Dois amargurados mitigando suas dores em cinema, livros, museus. Diversão que não aliviava a solidão negra, o véu que cobria os olhos de enxergar além. A dor, remédio para tornar pessoas mais fortes surtiu efeitos colaterais, e os sintomas deixou e deixará vários seres inanimados, sem força alguma para mexer os lábios e pronunciar um singelo “Oi”. A simples saudação que um dia trará o amor da sua vida!